Cultivar uma horta: terapia, exercício físico e economia, tudo de graça!

“Eu achava que não levava jeito pra plantar nada. Até que ganhei um vasinho de manjericão do meu neto. Coloquei na janela da cozinha, sem grandes pretensões… e ele cresceu. Hoje tenho uma pequena floresta de temperos na varanda do apartamento. Nunca imaginei o quanto isso faria bem pra minha vida.”
Dona Neide, 68 anos, São Paulo

Você pode até pensar que cultivar uma horta é coisa de quem tem quintal, terra boa e muito tempo. Mas e se eu te disser que uma horta cabe até numa varanda minúscula? E mais: que ela pode mudar completamente sua rotina, seu humor, e até sua saúde?

Eu sempre adorei mexer com a terra. Minha mãe contava que quando eu tinha 3 anos, e me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, eu respondia: “Engenheira agrônoma!”

Não me perguntem como, aos 3 anos, eu conseguia pronunciar isso! Mas, até estar pronta para entrar na Universidade, eu repetia a mesma coisa: queria fazer agronomia.

Eram outros tempos, outras dificuldades, a Faculdade de Agronomia era que que exclusivamente frequentada por rapazes, uma jovem morando fora, numa turma só de rapazes… papai não deixou, virei advogada!!!

Mas o amor pela terra me acompanhou, sempre. Quando pude, construí minha primeira horta! 500M2! Alimentava com fartura 4 famílias grandes! Passados alguns anos, mudamos de país e na Europa o clima não permitia uma horta aberta, como tinha no Brasil, Fiz uma mais modesta. Acabei por construir uma super horta toda fechada, com ventilação controlada, com 240m2 e lá colhíamos de tudo!

O tempo passou, a idade não perdoa… e após uma certa idade, mesmo que o físico já não ajude, o amor pela terra permanece. Ver aquele milagre de você enterrar uma sementinha e uma semana depois ver surgir ali uma pontinha de vida… não há muitos prazeres maiores do que este!

Vamos fazer uma horta?

Eu estou construindo uma casa e acredito que em 1 ano estarei morando nela. Vai ter horta? Vai!!!  Apenas estou estudando como fazer uma horta que facilite a vida de quem já passou (e bastante!) dos 50!

Então, para começar, gostaria de bater um papo franco sobre por que cultivar uma horta é uma das melhores decisões que você pode tomar depois dos 50 anos — mesmo que você não possua um quintal ou não tenha terra ou espaço suficiente para uma horta maior, mesmo que seja só possa ter alguns vasinhos na janela. Vamos nessa? Vamos juntos achar uma solução para esse sonho, esse prazer de plantar vida!

1. Mexe com o corpo — no bom sentido!

É claro que, depois dos 50, a gente sente as costas, os joelhos reclamam mais, e aquele pique de antigamente não é mais o mesmo. Mas olha só: mexer com plantas é um tipo de exercício físico leve e eficiente.

Você se abaixa, levanta, rega, movimenta os braços, faz força moderada. Tudo isso ajuda a manter a musculatura ativa, melhora o equilíbrio e até alivia dores. É muito mais prazeroso do que academia, diga-se de passagem.

Seu Joaquim, 73 anos, de Belo Horizonte, conta que plantar alface em jardineiras no muro do prédio foi o que tirou ele do sedentarismo. “Minha médica vive me dizendo que plantar minha alface vale como fisioterapia!”

2. A horta acalma, traz paz e tira a cabeça das preocupações

Não tem nada mais terapêutico do que mexer com a terra. Mesmo em vasos, o contato com a natureza ajuda a gente a desacelerar, focar no presente e esquecer um pouco das preocupações.

Enquanto você está ali observando uma semente brotar, molhando as folhas, arrancando uma ervinha daninha, sua cabeça se limpa. É quase uma meditação com as mãos na terra.

Tem gente que gasta fortunas em spas ou sessões de terapia. Quem tem uma horta simples em casa já descobriu esse segredo.

3. Comer bem, direto da sua varanda

Já reparou como os alimentos andam cheios de nomes esquisitos na embalagem? Conservantes, corantes, acidulantes… Que tal comer algo que você mesmo plantou, sabendo exatamente de onde veio?

Ervas como salsinha, cebolinha, manjericão, alecrim, hortelã, tomilho e orégano são super fáceis de cultivar. E além de darem sabor aos pratos, têm propriedades medicinais.

Plantar sua própria comida, mesmo que seja só uma parte, é um gesto de autonomia, cuidado e saúde. Sem contar que economiza no mercado!

“Fazer um molho de tomate e colher o manjericão da minha jardineira é um prazer que não tem preço” — Dona Marta, 61 anos, Rio de Janeiro.

4. Ter uma horta dá propósito ao dia

Depois da aposentadoria, muita gente sente um vazio. Os horários mudam, os filhos seguem a vida… e sobra tempo. Às vezes até demais.

Cuidar de uma horta cria rotina. Você acorda, vai ver como estão as plantinhas, se precisa regar, tirar alguma folha seca. Isso dá ritmo aos dias e, o mais importante: dá sentido.

Aquela sementinha que você colocou na terra vai precisar de você. Vai depender do seu cuidado. Isso é lindo e profundo, porque afasta de nós o sentimento de que estamos numa fase em que precisamos da atenção de todo o mundo, uma sensação de carência, que é um caminho bastante desagradável.  Cuidar de algo, de um ser vivo, seja um pet, seja uma planta, faz-nos sentir responsáveis. Não precisamos que o mundo gire à nossa volta e cuide de nós, ainda podemos cuidar  de algo.

5. Dormir melhor com ajuda da natureza

Muita gente depois dos 50 passa a dormir mal — acorda várias vezes à noite, tem insônia, ou simplesmente não dorme com qualidade. A boa notícia é que quem cultiva uma horta costuma dormir melhor.

O motivo? Você pega sol (o que regula o relógio biológico), se movimenta durante o dia e alivia o estresse. Tudo isso ajuda o corpo a produzir melatonina de forma natural — o hormônio do sono.

6. A horta é um ótimo motivo para socializar

Você já notou como uma horta cria assunto?

Basta alguém ver seus vasinhos na varanda para perguntar:
“Isso é alecrim?”
“Como você plantou esse tomatinho cereja?”
“Posso pegar um galhinho de hortelã?”

E pronto: começou a conversa!

A horta aproxima vizinhos, netos, amigos e até desconhecidos. Já teve prédio que criou horta coletiva só porque um morador começou com dois vasinhos de manjericão. Um gesto simples que vira ponte.

Seu Luiz, 65 anos, de Curitiba, diz que sua hortinha é “mais eficiente que grupo de WhatsApp” pra conhecer os vizinhos.

7. Faz bem pro bolso e pro planeta

Vamos falar de economia?

Uma bandejinha de manjericão no mercado custa uns R$ 5 a R$ 7. E muitas vezes estraga em dois dias.
Agora, um vasinho de manjericão pode durar meses — e você colhe só o que precisa.

Além disso, dá pra fazer adubo com restos de frutas e legumes da cozinha (compostagem caseira), usar garrafas PET ou latas recicladas como vasos… Ou seja: você economiza, gera menos lixo e ainda cuida do meio ambiente.

8. Aprende-se algo novo todo dia

Cada planta é diferente. Umas gostam de mais sol, outras de sombra. Umas bebem muita água, outras quase nada. Isso faz com que, mesmo quem já jardinava, esteja sempre aprendendo.

E aprender coisas novas depois dos 50 é excelente para o cérebro. Ajuda na concentração, na memória, na agilidade mental. Previne o tédio, o esquecimento e até doenças como Alzheimer.

Além disso, a sensação de descobrir algo novo — e colocar em prática — dá uma alegria danada.

9. Transforma sua casa num lugar mais bonito

Quem mora em apartamento sabe como a paisagem pode ser… cinza. Mas com meia dúzia de vasos bem cuidados, sua varanda pode virar um pequeno oásis verde.

Além de linda, a horta perfuma o ambiente, deixa o ar mais úmido, atrai borboletas e passarinhos. É como se trouxesse um pedacinho do campo pra dentro da cidade.

Dona Inês, 70 anos, em Salvador, brinca: “Meu apartamento é no sexto andar, mas minha varanda é uma fazendinha!”

10. Porque nunca é tarde para plantar — e colher

Você não precisa de muito espaço, nem de muita prática. Precisa só de vontade de começar. Mesmo que seja com um único vasinho de hortelã.

Com o tempo, você vai pegando o jeito, aprendendo o que funciona melhor no seu cantinho. Embora as espécies de plantas tenham um comportamento padronizado, há uma diferença de plantinha para plantinha… e você vai perceber que cada uma se desenvolve de um jeito, nem todas gostam exatamente do mesmo tratamento… parece que cada uma tem a sua personalidade! É uma descoberta a cada dia. Você vai acertar, errar, replantar, experimentar. E vai se surpreender com o quanto isso faz bem — de verdade.

Plantar é um ato de esperança. De cuidado. De reconexão com o que é essencial.

Como começar?

A primeira coisa é avaliar o quanto você quer se dedicar a essa atividade! Você tem muitos compromissos? Viaja muito? Fica fora de casa quase todo o dia? Ou, pelo contrário, passa muito tempo em casa e viaja pouco?

Para que a atividade de cultivar uma horta não se torne uma frustração, dimensione a sua disponibilidade de tempo e força de vontade.

A próxima decisão tem a ver com o espaço que você tem disponível!

Mora numa casa, que tem o quintal todo coberto por piso e conta apenas com uma pequena faixa de terra junto ao muro?

Tem apenas um jardim na frente, que já conta com algumas flores?

Ou tem um terreno maior, que apenas precisa de uma organizada?

Ou será que você mora em um apartamento e tem uma varanda, que só está servindo para juntar pó?

Ou ainda… o seu apartamento não tem sequer uma varanda? Apenas janelas e que você nem pode colocar uma floreira, porque afeta a fachada do prédio e o condomínio não permite?

Sem promessas… mas depois faremos outro post com outros tipos e tamanhos de horta caseira… mas por enquanto, vamos começar por aquela que parece ser a situação mais comum: Você mora em um apartamento e possui uma varanda! Ali vai nascer a sua horta!

Dicas práticas pra montar sua horta na varanda

🔸 Escolha bem o local – Na verdade, talvez você nem possa escolher o local para a sua horta, porque na maioria dos casos você terá apenas UMA varanda, e esta será a sua realidade. Se tiver mais de uma, prefira aquela que receba sol direto por 4 a 6 horas por dia. Se náo puder escolher o local, escolha as plantas que melhor poderão se adaptar à insolação que você tem ali. Mais sol, menos sol, de manhã, de tarde, mais vento, menos vento…

🔸 Comece simples – Ervas como manjericão, hortelã, alecrim, salsinha e cebolinha são fáceis e resistentes, dão menos trabalho diário e duram mais. Algumas delas quase que se criam sozinhas, necessitando apenas de serem vigiadas quanto à rega.

🔸 Vasos com furos – Isto é básico…pois evitam que a água acumule e apodreça as raízes. Para que a sua horta dê menos trabalho, o ideal é que cada vaso tenha o seu pratinho para recolher o excesso de água. É mais fácil lavar os pratinhos de vez em quando, do que lavar a varanda todos os dias, após a rega, certo?

🔸 Reaproveite materiais – Latas, potes, garrafas PET. Tudo serve para a nossa hortinha. Use a criatividade! Aproveite para transformar esses recipientes com um toque de artesanato, pintando, aplicando um revestimento! Além de construir a sua horta, você estará se distraindo, criando potinhos maravilhosos! Por experiência própria, eu digo que as latas  não são a melhor solução para plantar. O contato com a terra, a umidade, vai fazer com que elas enferrugem e se você não tomar cuidado, usando um pratinho, quando levantar a latinha, vai ver a marca de ferrugem no chão.  Mas, com pratinho ou sem pratinho, elas irão enferrujar. Elas podem ser usadas, no entanto, depois de pintadas e passar por um banho de artesanato, como cachepots! Apenas para esconder um recipiente de plástico mais simples que você coloque dentro.

 🔸 Semente ou muda? – Eu sempre achei muito mais prazeroso comprar as sementes e formar eu mesma as minhas mudas. Mas, confesso que no primeiro momento, também é muito prazeroso chegar em casa já com as mudinhas compradas em algum viveiro de plantas ou na floricultura do bairro e já ter algo verde para admirar no final da tarde! Que tal as duas coisas? Enquanto você se realiza com a mudinha já crescida, inicia o plantio das suas sementes.

🔸 Substrato – Escolha um bom substrato para os seus vasos, ele é que vai sustentar a vida das suas plantas.

🔸 Regue com carinho (e moderação) – Sinta a terra com o dedo: se estiver seca, regue. Se ainda estiver úmida, espere mais um pouco. Obviamente as sementeiras, por terem as sementes plantadas muito na superfície, que seca ais rapidamente do que a terra mais profunda, terão de ser regadas todos os dias! Melhor ainda, borrifadas, para que as sementinhas não se desloquem.

🔸 Adube com compostagem caseira – Quando suas plantinhas estiverem maiores, dê-lhes mais nutrientes: Cascas de frutas, borra de café, folhas, cascas de ovo, borra de café… tudo pode virar adubo. Algumas pessoas costumam colocar esses restos em um liquidificador com um pouco de água e usar para adubação. (Se você quiser, mande-nos uma mensagem sobre este tema e nós faremos um post dedicado à compostagem). No caso de você achar que é muito trabalhoso juntar restos orgânicos para adubar sua hortinha, há inúmeras soluções no mercado, como humus de minhoca, esterco seco bovino ou de galinha, farinha de ossos…

🔸 Use suportes verticais – Perfeitos para espaços pequenos!

Conclusão: Cultivar é cuidar de você

Plantar algo com as próprias mãos é mais do que um hobby — é um ato de amor-próprio. Você se coloca no ritmo da natureza, se reconecta com a vida, com os sentidos, com a simplicidade.

E o mais bonito: a horta retribui. Cada broto, cada folha nova, cada colheita é um pequeno milagre do cotidiano. Um lembrete de que nunca é tarde para florescer.

Se você está aí, com mais de 50 anos, com uma varanda, uma janela ensolarada, ou até um cantinho na cozinha… não pense duas vezes.

Plante. Cuide. Colha. Viva.

9 comentários em “Cultivar uma horta: terapia, exercício físico e economia, tudo de graça!”

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